Como fui parar lá
Cresci com uma idéia carioca e distorcida que litoral de São Paulo se resumia a Santos. Até que ano passado, uma amiga da minha prima viaja e volta deslumbrada com uma tal de Itamambuca. Apesar de depois ter vindo a saber que essa praia é famosíssima mundialmente por conta do surf, até então eu nunca tinha ouvido falar.
Falou tanto que minha prima já me ligou decidida que tínhamos porque tínhamos que conhecer o lugar. (em especial porque a garota disse que no último feriado que ela foi só deu homem lindo e mulher feia). Acabou que convoquei mais uma companheira de aventuras e nos programamos pra ir no Reveillón. Daí, googleando, vi que o estado São Paulo possui um belíssimo e extenso litoral, com destaque especial pra Ubatuba.
Hospedagem
Como toda região bonita, em feriados e épocas festivas, o preço das hospedagens sobe absurdamente. Depois de muita pesquisa, escolhemos o Camping do Tio Gato. Mas não ficamos exatamente acampadas, dividmos um chalé. O chalé na verdade não passa de um quarto com cama, banheiro e uma varandinha com mesa na frente. É uma ótima opção pra quem quer uma acomodação barata, mas também não tá naquela disposição suprema a ponto de encarar barraca e dormir no chão. Cada vez mais vejo campings de vários lugares oferecendo essa opção. Por ser reveillón, foi bem mais caro que na baixa temporada, mas como começamos a pagar com antecedência foi bem tranquilo.
Transporte
Toda viagem tem perrengue, gente, não adianta. Pode ser pequeno, pode ser catastrófico, mas sempre tem. O nosso nessa viagem foi no quesito transporte. O carro da Patrícia, minha prima, não estava em condições de pegar estrada. Dani divide o carro com os pais, não podia deixá-los na mão. Eu, idem, além de estar com a habilitação vencida.
Acostumadas com Região dos Lagos, onde existem trocentas opções de ônibus e vans entre as praias e cidades, achamos que não seria problema ir de ônibus. Felizes e contentes compramos as passagens Rio-Ubatuba e fomos. Chegando lá vimos que não era bem assim. Só tinha um ônibus que ia de Itamambuca pras outras praias e passava uma vez a cada dez mil anos. Nossa última e desesperada alternativa foi alugar um carro. A única opção ainda aberta no sábado era a Localiza no aeroporto de Ubatuba.
Aproveito pra elogiar o atendimento de todos os funcionários da Localiza de Ubatuba que tiveram a maior boa vontade e foram educadíssimos. A gente se enrolou pra cacete, saímos pra alugar carro e simplesmente deixamos cartão de crédito no chalé. ¬¬ E ficamos sabendo lá que eles sempre fazem um bloqueio no cartão (tipo um cheque caução) como garantia. Mas só aceitava cartão, não podia cheque. Sei que muita confusão e alternativas mirabolantes depois, CONSEGUIMOS alugar nosso filhinho adotivo e aí sim, a viagem começou.
De carro, vimos que o taxista que levou a gente da rodoviária pra Itamambuca foi um belíssimo filho da puta. A corrida deu uns 50 reais, e vimos que o caminho certo era praticamente uma linha reta, iria dar no máximo uns 20. Ele deu voltas astronômicas com a cara mais lavada do mundo.
Decorrer da viagem
Mas, vamos falar das coisas boas! Alugamos o carro, pulamos, nos abraçamos, arrumamos um mapa e fomos que fomos. A real é que as praias de Ubatuba são parecidíssimas com as da Região dos Lagos como as de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio e Saquarema. Tirando a parte do centro mesmo, Itaguá, a maioria das outras praias possui apenas casas residenciais, e algumas nem isso.
São lindíssimas. Mesmo. Só queria ter ido em uma época menos cheia. Era gente por todos os lados, muito engarrafamento e dificuldade pra achar vaga. Se não houver possibilidade de ir em épocas menos “populosas”, a dica é fazer um esforcinho e acordar beeem cedo pra poder aproveitar o máximo.
Foram uns 4 dias da rotina que pedimos a Deus…conhecíamos umas 2 ou 3 praias por dia, final do dia cervejinha na varanda, e à noite saíamos.
Começamos com a praia do Tenório. A praia é realmente muito bonita, mas era também a mais cheia de todas e por um momento eu pensei “Meu Deus o que eu tô fazendo aqui?” Realmente muito cheia. Ficamos pouco tempo lá, ma o suficiente pra vir um grupo de aleatórios puxar conversa e se enfiar nas nossas fotos.
Saímos, e fomos pra Praia Vermelha do Centro (existe também a Vermelha do Norte que não deu tempo de conhecermos 😦 )
Ali nosso amor por Ubatuba se instalou ferozmente. Mergulhar naquele mar foi uma verdadeira limpeza espiritual. Mar volumoso, temperatura ótima, o dia indo embora, o céu ficando rosa, praia vazia. Viramos 3 crianças. Foi muito, muito bom encerrar o dia assim.
No dia seguinte o camping simplesmente lotou, e a gente viu que a melhor coisa que poderia ter feito foi realmente optar pelo chalé. Tava um calor desértico, as pessoas eram acordadas pela temperatura alta umas 6 da manhã, ficavam mais de meia hora em pé na fila pra tomar banho, enquanto a gente descansava tudo que o corpo pedia com uma janela que conseguia mesmo tapar quase toda luz lá de fora, com ventilador de teto e chuveirinho à nossa disposição.
Aliás, falando em ventilador, justiça seja feita. Por mais entupido que o camping estivesse (acho que por volta de umas 600 pessoas), não faltou água nem luz em momento algum. E olha que paulista é profissional em camping, fiquei impressionada. Vários, mas vários mesmo com televisão, som, fora as mulheres e seus secadores e chapinhas. Nota dez pro Tio Gato nesse quesito. Já a cantina não suportava o volume de gente . Aliás, nenhum local pra comer nas redondezas suportava a quantidade de gente. Não conseguimos em nenhum dos dias esperar menos que 1 hora para comer. Sei lá, não entendo. Eles sabem que nessas épocas lota tudo, e não colocam mais funcionários. Preferem economizar na mão de obra e deixar centenas de clientes impacientes e insatisfeitos…
Enfim.
Acordamos, esperamos 40 minutos pra tomar café, e fomos pra Praia do Félix. Desnecessário dizer que era linda, mas também com muito movimento. Ficamos um bom tempinho nessa e depois partimos pra uma das melhores descobertas da viagem, a praia de Ubatumirim. Sensacional. Bom, sensacional digo, pra banhistas. Os surfistas não sei se gostariam muito. ENORME, mar calmo, uma parte gigante super rasa, onde a gente sentava e ficava de papo com água cristalina pela cintura tomando uma cervinha. E ainda por cima pode entrar com o carro na areia. Ou seja: não existe a neurose de ficar toda hora conferindo câmera, celular, carteira…guarda tudo lá, além de poder bem farofeiramente ligar o som alto do seu carrinho. Ah, e não lota. Foi uma tarde muito agradável, talvez a melhor de todas.
Mas, voltar pra casa cheia de sal nem é das sensações mais agradáveis. E para isso, existem cachoeiras! Mapinha, carro, achamos. Cachoeira do Prumirim. São duas quedas bem fortes e revigorantes. Dá até um frio na barriga de enfiar a cabeça debaixo, são fortinhas mesmo. Delícia, muito cheiro de mato e terra molhada ao redor.
Camping, mais cerveja (é, bebemos bem nesse feriado), ataques de riso, 2 horas de espera pra comer uma pizza, banho e fomos pra night. Não vou relatá-la porque já tá bem descrita no vídeo, (que aliás é quase um documentário) que eu fiz logo que voltamos.
Então, percebemos que o bizarro era: estávamos hospedadas em Itamambuca e ainda não tínhamos ido na própria praia de lá. ¬¬
Como era a mais perto a gente sempre deixava pro dia seguinte e acabava não indo. Mas por termos acordadas cansadinhas da night, ficamos pelas redondezas. Passa um rio dentro do camping o qual é necessário atravessar pra chegar na praia. Já nem tem mais graça falar que é mais uma praia linda, espetacular, etc, etc. Mas por ser perto de muitos campings e pousadas também estava entupida. Esse dia foi especialmente quente, e eu e Dani pedimos arrego e voltamos pro camping pra ficar na beira do Rio enquanto Paty quis desidratar mais um pouco.
E esse dia era 31 de dezembro de 2007. E teve festinha da virada, que também está bem detalhada no vídeo. Passamos numa festa no mesmo lugar que tínhamos ido na noite anterior, o Areia, na praia Vermelha do Norte. O lugar é enorme, bem amplo mesmo, com uma grande parte aberta e vista pro mar. Tem duas pistas de dança, uma gigante onde toca só eletrônico (blergh), e outra com as popzinhas, Hip Hop, Funk, e infelizmente ao final da noite, Axé. O bom foi que quando tocava Axé em uma e eletrônico na outra eu tinha a opção de largar tudo e ir olhar o mar.
Feliz 2008! 🙂
Primeiro dia do ano, último dia da viagem. Dia curto, dia de entregar o carro na Localiza e ir pra Rodoviária. Mas claro que ainda tem que dar tempo de conhecer mais uma praiazinha…resolvemos nos enfiar em uma que queríamos ter ido antes mas perdemos a entrada no meio da estrada. E que bom mesmo que deixamos pro final, porque foi a melhor maneira de iniciarmos o ano. A praia do Puruba é um dos lugares mais lindos que eu já tinha visto até então (e seria o mais bonito até hoje se em Abril eu não tivesse me aventurado por areias baianas, mas isso é outro post)
Infelizmente, não sei o que aconteceu que nas fotos e vídeos essa praia não mostrou ser nem um pentelhésimo do que é ao vivo. Ela tem esse nome na verdade por causa do Rio Puruba, que desemboca ali. Eu me senti no Globo Repórter, nunca tinha visto ao vivo um rio juntando com mar. É realmente um espetáculo e tanto. E o fato curioso é que até a metade da praia a água do mar ainda é doce por conta do rio. (Sim, ficamos as 3 mongolóides enfiando o dedo na água e lambendo pra provar)
Voltei simplesmente encantada, apaixonada pelo lugar. Quero voltar lá o mais breve po$$ível. (ainda me recuperando do rombo que a Europa fez no meu bolso)
Tem muita praia ainda pra conhecer e quero conhecer mais a fundo os lugares que já vi.
Aos surfistas e paulistas, me desculpem se falei alguma besteira sobre a região! 😀
Seguem as fotos e o videozão de 18 minutos!
Obs. Apesar de começar com seqüência de fotos, o vídeo não é só um monte de fotos com fundo musical…Lá pelos 6 minutos começam as partes filmadas 🙂
Beijos!