Publicado por: Livia Lins | 27 agosto, 2008

Praia de Paulista

Como fui parar lá

Cresci com uma idéia carioca e distorcida que litoral de São Paulo se resumia a Santos. Até que ano passado, uma amiga da minha prima viaja e volta deslumbrada com uma tal de Itamambuca. Apesar de depois ter vindo a saber que essa praia é famosíssima mundialmente por conta do surf, até então eu nunca tinha ouvido falar.

Falou tanto que minha prima já me ligou decidida que tínhamos porque tínhamos que conhecer o lugar. (em especial porque a garota disse que no último feriado que ela foi só deu homem lindo e mulher feia). Acabou que convoquei mais uma companheira de aventuras e nos programamos pra ir no Reveillón. Daí, googleando, vi que o estado São Paulo possui um belíssimo e extenso litoral, com destaque especial pra Ubatuba.

Hospedagem

Como toda região bonita, em feriados e épocas festivas, o preço das hospedagens sobe absurdamente. Depois de muita pesquisa, escolhemos o Camping do Tio Gato. Mas não ficamos exatamente acampadas, dividmos um chalé. O chalé na verdade não passa de um quarto com cama, banheiro e uma varandinha com mesa na frente. É uma ótima opção pra quem quer uma acomodação barata, mas também não tá naquela disposição suprema a ponto de encarar barraca e dormir no chão. Cada vez mais vejo campings de vários lugares oferecendo essa opção. Por ser reveillón, foi bem mais caro que na baixa temporada, mas como começamos a pagar com antecedência foi bem tranquilo.

Transporte

Toda viagem tem perrengue, gente, não adianta. Pode ser pequeno, pode ser catastrófico, mas sempre tem. O nosso nessa viagem foi no quesito transporte. O carro da Patrícia, minha prima, não estava em condições de pegar estrada. Dani divide o carro com os pais, não podia deixá-los na mão. Eu, idem, além de estar com a habilitação vencida.

Acostumadas com Região dos Lagos, onde existem trocentas opções de ônibus e vans entre as praias e cidades, achamos que não seria problema ir de ônibus. Felizes e contentes compramos as passagens Rio-Ubatuba e fomos. Chegando lá vimos que não era bem assim. Só tinha um ônibus que ia de Itamambuca pras outras praias e passava uma vez a cada dez mil anos. Nossa última e desesperada alternativa foi alugar um carro. A única opção ainda aberta no sábado era a Localiza no aeroporto de Ubatuba.

Aproveito pra elogiar o atendimento de todos os funcionários da Localiza de Ubatuba que tiveram a maior boa vontade e foram educadíssimos. A gente se enrolou pra cacete, saímos pra alugar carro e simplesmente deixamos cartão de crédito no chalé. ¬¬ E ficamos sabendo lá que eles sempre fazem um bloqueio no cartão (tipo um cheque caução) como garantia. Mas só aceitava cartão, não podia cheque. Sei que muita confusão e alternativas mirabolantes depois, CONSEGUIMOS alugar nosso filhinho adotivo e aí sim, a viagem começou.

De carro, vimos que o taxista que levou a gente da rodoviária pra Itamambuca foi um belíssimo filho da puta. A corrida deu uns 50 reais, e vimos que o caminho certo era praticamente uma linha reta, iria dar no máximo uns 20. Ele deu voltas astronômicas com a cara mais lavada do mundo.

Decorrer da viagem

Mas, vamos falar das coisas boas! Alugamos o carro, pulamos, nos abraçamos, arrumamos um mapa e fomos que fomos. A real é que as praias de Ubatuba são parecidíssimas com as da Região dos Lagos como as de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio e Saquarema. Tirando a parte do centro mesmo, Itaguá, a maioria das outras praias possui apenas casas residenciais, e algumas nem isso.

São lindíssimas. Mesmo. Só queria ter ido em uma época menos cheia. Era gente por todos os lados, muito engarrafamento e dificuldade pra achar vaga. Se não houver possibilidade de ir em épocas menos “populosas”, a dica é fazer um esforcinho e acordar beeem cedo pra poder aproveitar o máximo.

Foram uns 4 dias da rotina que pedimos a Deus…conhecíamos umas 2 ou 3 praias por dia, final do dia cervejinha na varanda, e à noite saíamos.

Começamos com a praia do Tenório. A praia é realmente muito bonita, mas era também a mais cheia de todas e por um momento eu pensei “Meu Deus o que eu tô fazendo aqui?” Realmente muito cheia. Ficamos pouco tempo lá, ma o suficiente pra vir um grupo de aleatórios puxar conversa e se enfiar nas nossas fotos.

Saímos, e fomos pra Praia Vermelha do Centro (existe também a Vermelha do Norte que não deu tempo de conhecermos 😦 )

Ali nosso amor por Ubatuba se instalou ferozmente. Mergulhar naquele mar foi uma verdadeira limpeza espiritual. Mar volumoso, temperatura ótima, o dia indo embora, o céu ficando rosa, praia vazia. Viramos 3 crianças. Foi muito, muito bom encerrar o dia assim.

No dia seguinte o camping simplesmente lotou, e a gente viu que a melhor coisa que poderia ter feito foi realmente optar pelo chalé. Tava um calor desértico, as pessoas eram acordadas pela temperatura alta umas 6 da manhã, ficavam mais de meia hora em pé na fila pra tomar banho, enquanto a gente descansava tudo que o corpo pedia com uma janela que conseguia mesmo tapar quase toda luz lá de fora, com ventilador de teto e chuveirinho à nossa disposição.

Aliás, falando em ventilador, justiça seja feita. Por mais entupido que o camping estivesse (acho que por volta de umas 600 pessoas), não faltou água nem luz em momento algum. E olha que paulista é profissional em camping, fiquei impressionada. Vários, mas vários mesmo com televisão, som, fora as mulheres e seus secadores e chapinhas. Nota dez pro Tio Gato nesse quesito. Já a cantina não suportava o volume de gente . Aliás, nenhum local pra comer nas redondezas suportava a quantidade de gente. Não conseguimos em nenhum dos dias esperar menos que 1 hora para comer. Sei lá, não entendo. Eles sabem que nessas épocas lota tudo, e não colocam mais funcionários. Preferem economizar na mão de obra e deixar centenas de clientes impacientes e insatisfeitos…

Enfim.

Acordamos, esperamos 40 minutos pra tomar café, e fomos pra Praia do Félix. Desnecessário dizer que era linda, mas também com muito movimento. Ficamos um bom tempinho nessa e depois partimos pra uma das melhores descobertas da viagem, a praia de Ubatumirim. Sensacional. Bom, sensacional digo, pra banhistas. Os surfistas não sei se gostariam muito. ENORME, mar calmo, uma parte gigante super rasa, onde a gente sentava e ficava de papo com água cristalina pela cintura tomando uma cervinha. E ainda por cima pode entrar com o carro na areia. Ou seja: não existe a neurose de ficar toda hora conferindo câmera, celular, carteira…guarda tudo lá, além de poder bem farofeiramente ligar o som alto do seu carrinho. Ah, e não lota. Foi uma tarde muito agradável, talvez a melhor de todas.

Mas, voltar pra casa cheia de sal nem é das sensações mais agradáveis. E para isso, existem cachoeiras! Mapinha, carro, achamos. Cachoeira do Prumirim. São duas quedas bem fortes e revigorantes. Dá até um frio na barriga de enfiar a cabeça debaixo, são fortinhas mesmo. Delícia, muito cheiro de mato e terra molhada ao redor.

Camping, mais cerveja (é, bebemos bem nesse feriado), ataques de riso, 2 horas de espera pra comer uma pizza, banho e fomos pra night. Não vou relatá-la porque já tá bem descrita no vídeo, (que aliás é quase um documentário) que eu fiz logo que voltamos.

Então, percebemos que o bizarro era: estávamos hospedadas em Itamambuca e ainda não tínhamos ido na própria praia de lá. ¬¬

Como era a mais perto a gente sempre deixava pro dia seguinte e acabava não indo. Mas por termos acordadas cansadinhas da night, ficamos pelas redondezas. Passa um rio dentro do camping o qual é necessário atravessar pra chegar na praia. Já nem tem mais graça falar que é mais uma praia linda, espetacular, etc, etc. Mas por ser perto de muitos campings e pousadas também estava entupida. Esse dia foi especialmente quente, e eu e Dani pedimos arrego e voltamos pro camping pra ficar na beira do Rio enquanto Paty quis desidratar mais um pouco.

E esse dia era 31 de dezembro de 2007. E teve festinha da virada, que também está bem detalhada no vídeo. Passamos numa festa no mesmo lugar que tínhamos ido na noite anterior, o Areia, na praia Vermelha do Norte. O lugar é enorme, bem amplo mesmo, com uma grande parte aberta e vista pro mar. Tem duas pistas de dança, uma gigante onde toca só eletrônico (blergh), e outra com as popzinhas, Hip Hop, Funk, e infelizmente ao final da noite, Axé. O bom foi que quando tocava Axé em uma e eletrônico na outra eu tinha a opção de largar tudo e ir olhar o mar.

Feliz 2008! 🙂

Primeiro dia do ano, último dia da viagem. Dia curto, dia de entregar o carro na Localiza e ir pra Rodoviária. Mas claro que ainda tem que dar tempo de conhecer mais uma praiazinha…resolvemos nos enfiar em uma que queríamos ter ido antes mas perdemos a entrada no meio da estrada. E que bom mesmo que deixamos pro final, porque foi a melhor maneira de iniciarmos o ano. A praia do Puruba é um dos lugares mais lindos que eu já tinha visto até então (e seria o mais bonito até hoje se em Abril eu não tivesse me aventurado por areias baianas, mas isso é outro post)

Infelizmente, não sei o que aconteceu que nas fotos e vídeos essa praia não mostrou ser nem um pentelhésimo do que é ao vivo. Ela tem esse nome na verdade por causa do Rio Puruba, que desemboca ali. Eu me senti no Globo Repórter, nunca tinha visto ao vivo um rio juntando com mar. É realmente um espetáculo e tanto. E o fato curioso é que até a metade da praia a água do mar ainda é doce por conta do rio. (Sim, ficamos as 3 mongolóides enfiando o dedo na água e lambendo pra provar)

Voltei simplesmente encantada, apaixonada pelo lugar. Quero voltar lá o mais breve po$$ível. (ainda me recuperando do rombo que a Europa fez no meu bolso)

Tem muita praia ainda pra conhecer e quero conhecer mais a fundo os lugares que já vi.
Aos surfistas e paulistas, me desculpem se falei alguma besteira sobre a região! 😀

Seguem as fotos e o videozão de 18 minutos!

Obs. Apesar de começar com seqüência de fotos, o vídeo não é só um monte de fotos com fundo musical…Lá pelos 6 minutos começam as partes filmadas 🙂

Beijos!


Respostas

  1. Uma ligeira inveja e vontade de estar com vcs 3 lá (que malandro eu!), me bateu enquanto eu lia esse verdadeiro Guia-Ubaturístico-Liviônico!

    Depois eu quero aprender a fazer esses videozinhos desse jeito hein! 😀

    Beijão

  2. Canção Praiana (Martins Fontes)

    As praias paulistas são lindas, tão lindas
    que em sua beleza não têm similar…
    São plainos unidos, são curvas infindas,
    Frutais solitários, à beira do mar…

    Tais quais avenidas, velódromos, pistas
    Se estendem por léguas e léguas além…
    E a todos assombram as praias paulistas,
    Por serem tão alvas, tão firmes também…

    Ilhéus espaçados, rochedos sombrios,
    Por entre nuvens de escuma e crespão…
    E, ao longe, cruzando-se, os grandes navios
    Que vêm da Argentina, que vão ao Japão…

    A areia alvadia suspende-se em rampas,
    Circunda coqueiros, em filas sem fim…
    Formando desenhos, floridas estampas,
    Marinhas argênteas, painéis de marfim…

    Pitangas, ameixas, uvalas, amoras,
    Cajás, carambolas, cajus, cambucás…
    Que praias alegres, que praias sonoras!
    Que abios famosos, que bons araçás!

    Conheço estas plagas: por isso asseguro
    Que, em sua opulência, pujança imortal,
    As virgens riquezas do nosso futuro
    Estão em São Paulo no seu litoral!

    Não passa viv’alma… Silêncio profundo…
    Palmeiras douradas, cercando a Matriz…
    E a gente praiana, bem longe do mundo,
    No sono da vida seu sonho bendiz!

    Se as tardes são belas, as noites inspiram,
    Por tanto mistério que faz delirar…
    Desfolham-se estrelas, as flores suspiram,
    As plantas se beijam, noivando ao luar…

    Oh! dêem-se os nomes de sábios, de artistas,
    De poetas e santos, do nosso fervor,
    Às altas montanhas, às praias santistas,
    Onde há tangerinas de um raro sabor!

    Feliz, nestas largas, longuíssimas praias,
    Sorrindo, brincando foi que eu me criei…
    Dormindo entre avencas, murtais, samambaias,
    Como os pescadores do Porto-do-Rei…

    Canoas imensas de nomes galantes:
    – A Flor das Queimadas! A Flor do Farol!
    E as redes de arrasto, depois das vazantes,
    Secando estendidas, com as malhas ao sol…

    Vivi nestas praias… Espero que, um dia,
    Aqui me sepultem, me deixem ficar…
    Exposto, desnudo, como eu bem queria,
    Num seio de areia, defronte do mar…

  3. amigannnn!!!
    ADOREI! simples assim. Não tem mais o que dizer, essa palavra resume muito bem.
    E tem outra que fala o que eu senti SAUDADES. Nossa, saudades, mtas. Cada foto, a maneira impecável que você foi descrevendo os dias. Viagem perfeita!!
    Começamos, definitivamente, o ano mto bem! 🙂
    E concordo, assim que me recuperar financeiramente também quero voltar! Ou quem sabe também não podemos ir e conhecer OUTRAS praias?

    Bom, amiga e agora vamos pra nossa outra viagem! Ilha Grande aí vamos nóis!!!

    Beijossssss

  4. haha, muito bom Lívia! Delícia de trip hein?? Deu muito pra sentir a vibração das cariocas em questão com seu super blog multimídia. Adorei! beijos!

  5. Olha, procurando pela expressão “praia de paulista” me deparei no google com o blog de vocês e gostei muito da narrativa, das fotos, da viagem, mto bom, gostei, é a viagem de litoral que pretendo fazer já que sou o carioca mais paulista que conheço.
    Um beijo.

  6. E foi por causa tua que eu comecei a gostar de pegar um bronze ;D
    “A Daline tá com a bunda que nem um pernil, todo rosinha”

    SHAUISHAUIHIUSHAIU

    Te amo, Lilão.

    SAUDAAAAAADE DEMAAAAIS !

  7. Sou um carioca que não tem o menor preconceito com paulistas. Pelo contrário, ADORO Sampa, é uma cidade muito prática, e boa de se viver. Agora fiquei com vontade de conhecer mais o litoral…

  8. ESTOUPENSANDO EM FAZER UMA VIAGEM DESTAS AGORA PARA SEMANA QUE VEM COM MEU MARIDO E MEU FILHO DE 10 ANOS O QUE VCS ACHAM ME MANDEM ALGUMAS DICAS IMPORTANTES

  9. Esta praia é simplesmente linda!! Gostaria muito de conhecer um dia!!!

  10. muito bom hein, faltou eu com vcs para completar a viagem, e satisfazer vcs todas durante todos os dias……… bjs.


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